Ao longo dos últimos anos, a equipe de Recrutamento e Seleção recebeu e analisou incontáveis currículos de diferentes tipos de profissionais de tecnologia. Desenvolvedores, analistas, engenheiros, profissionais de infraestrutura, dados, segurança da informação, gestão e muitos outros. Cada um com histórias, experiências e objetivos diferentes.
Ainda assim, algumas características são comuns em muitos desses currículos recebidos. Infelizmente, uma delas é que um número considerável desses documentos não deixa claro o real potencial do candidato. E isso não tem a ver com a qualificação. O problema está no excesso de informações irrelevantes, mal organizadas ou fora do padrão do mercado, que acabam atrapalhando nossas tech recruiters.
Se você atua em TI e quer aumentar as suas chances de ser chamado para entrevistas, confira a seguir o que os recrutadores não querem ver no seu currículo e o que fazer de diferente.
Antes de conferir os exemplos, é importante que você saiba que currículo não é um documento pessoal ou histórico completo da sua vida. Ele é uma ferramenta técnica, pensada para comunicar valor profissional de forma rápida, objetiva e estratégica. Por conta disso, algumas informações não precisam estar disponíveis nele.
1. Foto no currículo
Por mais que este assunto seja comentado em praticamente todo conteúdo sobre currículo, ainda é comum que profissionais considerem fazer isso. Na maioria dos casos, especialmente para vagas na área de tecnologia, não há a menor necessidade de colocar foto no currículo.
Por que recrutadores não querem foto no currículo?
Em processos seletivos técnicos, o foco está em competências, experiências, projetos e domínio de ferramentas. A imagem do candidato não contribui para nenhuma dessas avaliações.
Além disso, embora a Gateware não julgue os candidatos pela foto, incluí-la no documento pode gerar ruídos comuns no mercado como o viés inconsciente, que é quando a idade aparente, gênero, etnia ou estilo pessoal acabam influenciando uma decisão, o que é ainda mais comum de acontecer nesse momento de triagem.
Pense também que o recrutador precisa entender rapidamente se o perfil atende à vaga. Qualquer elemento que tire o foco disso é um risco à sua candidatura. Quanto mais neutro e técnico o documento for, melhor.
Quando a foto pode fazer sentido?
Em situações em que a empresa solicita explicitamente que uma foto seja incluída, aí sim você pode colocar uma imagem profissional, neutra e coerente com o mercado. Porém, essa é uma situação rara, para posições muito específicas, quase inexistente no mundo da tecnologia.
O que fazer no lugar da foto?
A grande quantidade de currículos que ainda recebemos com foto também se deve ao fato de que muita gente utiliza templates, como os do Canva, que trazem um espaço para inserir uma imagem. Caso você utilize um modelo assim, use o espaço que seria ocupado por essa foto para colocar um resumo profissional bem escrito, com stack principal ou senioridade, ou então para destacar suas certificações, principais tecnologias que trabalha ou segmentos de atuação.
2. Endereço completo
Outra situação comum nos currículos que recebemos é encontrar o endereço completo dos candidatos, com rua, número, bairro e CEP.
Do ponto de vista dos recrutadores, essas informações não são relevantes na fase inicial do processo. O que importa é apenas a cidade e o estado em que você reside.
Esses dois dados são suficientes para avaliar a compatibilidade com vagas presenciais ou híbridas, fuso horário e a viabilidade logística, se for o caso.
Qualquer outro detalhe além disso não agrega valor e apenas ocupa espaço.
Mesmo em vagas presenciais, o endereço completo não é necessário no currículo. Esse tipo de informação será solicitado apenas em etapas posteriores, caso haja avanço no processo.
No campo de informações pessoais limite-se a apresentar:
- Nome completo
- Cidade e estado
- E-mail profissional
- Telefone
- LinkedIn e GitHub
3. Dados sensíveis
CPF, RG, data de nascimento. Esses são alguns dados sensíveis que ainda aparecem em muitos currículos, mesmo que não devessem estar lá.
Essas são informações que só fazem sentido apresentar à empresa no momento da admissão em ambientes seguros. Incluí-las no currículo representa risco à privacidade do candidato e descumprimento de boas práticas de proteção de dados. E você não quer que a sua primeira impressão seja a de alguém que não se preocupa com a proteção de dados sensíveis, não é mesmo?
Já em relação à idade, ela não deveria ser um fator determinante. Avaliar um profissional pela idade, e não pela capacidade técnica, experiência e adaptabilidade, vai contra os princípios de um recrutamento justo e eficiente. Por isso, a data de nascimento não deveria estar no seu currículo.
4. Soft Skills
O recrutador não precisa saber que você é comunicativo, proativo ou trabalha bem em equipe ao olhar o seu currículo.
Essas informações aparecem em inúmeros currículos e, no fim, não ajudam o recrutador a decidir nada.
Por que Soft Skills não são avaliadas no currículo?
Basicamente, porque o currículo é uma ferramenta de triagem técnica.
Antes de avaliar comportamento, comunicação ou postura, o recrutador precisa responder a uma pergunta básica: esse profissional tem as competências técnicas (Hard Skills) necessárias para a vaga?
Se a resposta for não, o processo não avança. Simples assim.
As Soft Skills (habilidades comportamentais) devem aparecer em entrevistas comportamentais, dinâmicas e conversas com os gestores. É nesse momento que o recrutador consegue validar se o candidato se comunica bem, trabalha em equipe ou lida bem com pressão.
Como demonstrar Soft Skills sem listá-las?
Essas habilidades são importantes, especialmente no caso de contratações via alocação de profissionais de TI, onde a pessoa irá representar a contratante em determinado cliente. A questão é onde e como apresentar suas Soft Skills.
Uma alternativa é demonstrar suas competências a partir de experiências reais. Por exemplo:
- Liderança de squads;
- Participação em projetos multidisciplinares;
- Atuação como referência técnica;
- Mentoria de profissionais mais juniores.
Esse tipo de descrição comunica mais valor do que uma lista genérica de adjetivos.
5. Currículo mal identificado
Pode parecer básico, mas acontece com frequência recebermos currículos enviados sem nome no arquivo ou com títulos genéricos, como currículo.pdf, cv_atualizado.pdf ou documento_final.pdf
Por que isso é um problema?
Imagine a situação: você envia seu currículo esperando aquela vaga que tanto deseja e, quando finalmente a oportunidade surge, seu currículo não aparece nas buscas da equipe de seleção por não estar corretamente identificado.
Recrutadores recebem dezenas ou até centenas de currículos por semana, como acontece aqui na Gateware. Quando um arquivo não está corretamente identificado, acaba dificultando a busca por parte dos recrutadores, em especial para os currículos no banco de talentos.
Sempre envie seu currículo em PDF um nome claro, como Joao_Silva_Desenvolvedor_Backend_Senior.pdf
Esse cuidado tão simples demonstra profissionalismo, atenção aos detalhes e respeito ao tempo do recrutador.
6. Tempo de atuação nas empresas
Algo que pode chamar a atenção negativamente é o seu tempo de permanência em cargos anteriores.
Se nas últimas experiências você ficou pouco tempo, esse histórico pode gerar desconfiança e te comprometer no processo seletivo.
Não se trata de exigir carreiras lineares ou longas passagens em uma mesma empresa, até porque isso já não é mais um padrão no mercado de tecnologia. O problema é quando o currículo apresenta um padrão recorrente de vínculos muito curtos, sem contexto ou justificativa clara.
Quando um recrutador analisa um currículo com várias experiências de 2 ou 3 meses, a leitura pode ser de falta de comprometimento com projetos ou dificuldade de adaptação a times, processos ou cultura.
Pense, por exemplo, no modelo de contratação via alocação de profissionais. Neste cenário, o profissional não representa apenas a si, mas também a empresa que o aloca no cliente. Esse histórico de rotatividade pode influenciar em uma imagem de pouca confiança para lidar com esse desafio que compromete a reputação da empresa.
Novamente, permanências curtas não são necessariamente um problema, principalmente porque o mercado de TI costuma trabalhar com projetos com prazos ou contratos temporários. O ponto central não é o tempo em si, mas a ausência de narrativa que justifique esse tempo. E como o currículo não é o espaço onde você vai destrinchar todas as suas experiências anteriores, é mais aconselhável não colocar essas informações do que apresentar entradas e saídas rápidas.
Conclusão
Como você viu, os problemas que atrapalham candidatos nos processos seletivos não têm relação com falta de conhecimento técnico, mas com falta de estratégia de apresentação.
Ao eliminar informações desnecessárias e focar no que realmente importa, ou seja, nas hard skills e experiências relevantes, você aumenta significativamente suas chances de avançar para a entrevista.
Se quiser se aprofundar ainda mais, temos diversos conteúdos para te ajudar a criar o currículo perfeito. Confira alguns a seguir:
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