Acompanhe-nos nesta jornada para entender como o amor evolui e se adapta à era digital, e descubra as histórias reais por trás das telas brilhantes.
O Dia dos Namorados é uma data especial que celebra o amor e o romance.
No entanto, na era digital, a maneira como as pessoas expressam e vivenciam esse sentimento tem mudado consideravelmente.
As tecnologias emergentes, as redes sociais e os aplicativos de relacionamento estão moldando novas formas de conexão e afetividade.
Mas, como o amor se manifesta nos tempos digitais?
Redes sociais e conectividade offline
Para a psicóloga Andreia Convento, as redes sociais propiciam a possibilidade de conectar as pessoas e aproximar-nos de entes queridos que a distância ou a nossa rotina corrida diária não possibilitam um contato constante.
Porém, ela alerta que as redes sociais têm apresentado dúvidas de quanto podem ser saudáveis num relacionamento devido ao uso excessivo.
“Para alguns, as redes sociais passaram a ser utilizadas como provas contra o outro, ao qualquer sinal no perfil do companheiro pode ser entendido como traição, gerando assim brigas e até mesmo um término” complementa Andreia.
Ainda segundo a psicóloga, casais que usam em excesso as redes sociais estão mais propensas a terem desentendimentos e surgirem brigas.
Quanto maior o uso, mais podem ocorrer esses comportamentos.
“Outros comportamentos que também se apresenta com uso das redes sociais e que geram brigas é a cobrança para o companheiro realizar demonstrações de afeto, através de publicações para ficar visível que estão juntos e também é comum ver casais discutindo porque um estava online e não falou para o outro, gerando assim mais um motivo de discussão e desgaste na relação”.
Andreia Convento ainda afirma ser preciso tomar cuidado para que o casal não se perca e, ao invés de dialogar, tirem conclusões precipitadas sobre o que foi visto na rede social ou, ao invés de aproveitarem os momentos juntos, ficarem grudados na tela e não olharem para o parceiro ao seu lado.
Com o uso excessivo das redes sociais, impactos cada vez mais negativos vêm surgindo no relacionamento.
Em alguns casos, o parceiro passa a pesquisar a vida do outro, quer saber o que ele faz, aonde e com quem vai ou está e não se respeita mais a individualidade.
Por isso, a especialista aponta algumas atitudes que podem proteger o seu relacionamento e a sua saúde mental de impactos negativos que possam ser gerados com o uso excessivo das redes sociais:
- Deixe o passado de lado: não fique buscando vestígios dos relacionamentos anteriores, não se preocupem com o que os outros pensam, não use a rede social como forma de investigação da vida do seu parceiro.
- Em uma relação, você não é o dono do outro, ambos precisam respeitar seus espaços, comunicação é indispensável para um bom relacionamento.
- Quando tiver dúvidas, pergunte ao seu parceiro ao invés de vasculhar suas redes. Essa tecnologia é uma ferramenta para promover a aproximação e não para controlar a vida do outro; por isso, é preciso ter limites para manter um relacionamento estável e saudável e assim preservar sua saúde mental.
- Esse tempo todo que foi dedicado nas redes sociais e gerou um distanciamento do seu parceiro poderia ser aproveitado para momentos com ele, conhecer melhor sobre seus gostos, desejos e sentimentos, e assim aproveitar o seu relacionamento de forma mais positiva evitando um desgaste emocional para você e sua relação.
Casais influencer na internet
O aumento do fenômeno dos “casais influencer” permitiu que o casal compartilhe sua rotina diária, dicas de relacionamento e histórias pessoais com milhares, senão milhões, de seguidores.
Essa exposição pode, por um lado, inspirar e conectar pessoas, mas, por outro, pode criar expectativas irreais sobre o que é um relacionamento saudável e feliz.
A psicóloga Andreia Convento aponta que, se o casal em comum acordo optou por ter um relacionamento exposto nas redes sociais, é importante terem consciência de que é preciso algumas atitudes para minimizar os efeitos negativos que podem ser causados.
“Pela internet, as pessoas ficam mais à vontade, soltas para falar o que têm vontade, inclusive opinar sobre o relacionamento do outro”.
Também aparecem pessoas pedindo para adicionar em todos os meios de comunicações possíveis e, se você der corda, vai ficando cada vez maior a liberdade e intimidade, podendo assim gerar conflitos com seu parceiro.
Para evitar isso Andreia aconselha ser essencial que o casal realize um balanço do que é importante na relação, de como vão se apresentar, tanto enquanto casal como indivíduos na rede social e como vão se comportar com investidas de terceiros, para evitar intimidades e assim gerar desrespeito com seu parceiro.
Ela ainda diz que é importante moderar o que se expõe, pois muitas vezes as redes sociais promovem uma cultura de comparações.
“Às vezes é preciso desconectar, ter cuidado com quem compartilha e deixar de seguir alguns perfis tóxicos, assim evitando problemas futuros na sua relação”.
“É importante ainda perceber que além de você tem outra pessoa, com limitações, dores, fraquezas, além de preservar a sua individualidade, tem a do seu parceiro para também ser cuidada, por isso se você está num relacionamento exposto virtualmente é essencial preservar o relacionamento das intervenções de terceiros para que a privacidade do casal seja mantida”.
Quando se posta sobre a relação, está sendo exposto, não só os sentimentos, mas a vida pessoal do casal para o mundo todo, gerando assim uma pressão sobre o casal de manter a imagem de relacionamento feliz, criando expectativas irreais, fazendo com que assim um comece a esperar a perfeição do outro.
“Com toda a cobrança, a pressão vai se tornando cada vez maior, podendo levar a sentimentos de baixo estima, sentimentos de inadequação, ansiedade, a extrema preocupação com a imagem social do casal e, ao perceberem que não atingem esses padrões, os conflitos são gerados, podendo levar a um término”.
Por isso, conforme a psicóloga afirma, é essencial termos cuidados com o que nos for apresentado, para termos uma manutenção saudável do relacionamento e também da saúde mental dos indivíduos envolvidos no relacionamento.
O casal de influenciadoras digitais Erika Alfenas & Sheyla Santoso discorrem um pouco sobre como procuram equilibrar a exposição pública de seu relacionamento nas redes sociais com a manutenção da privacidade e da autenticidade do vínculo:
Erika e Sheyla afirmam que manter uma vida pública é saber que está sujeito a obter opiniões, muitas vezes, de pessoas que elas nem conhecem.
Crédito: Divulgação
“Nós escolhemos contar sobre nossa vida, nosso dia a dia, o que fazemos ou deixamos de fazer, da forma mais autêntica possível. Hoje, nossa vida está 100% interligada, moramos juntas e trabalhamos juntas, estamos 24 horas por dia uma ao lado da outra”.
“Para a criação de conteúdo é crucial, pois temos um jeito único de nos relacionarmos e nos comunicarmos, sempre muito bem-humoradas, gostamos de apresentar todas as nossas experiências com toque lúdico”.
Erika e Sheyla também explicam que, para terem um equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, se dedicam pelo menos um dia por semana para ficarem off das telas, “nos desligamos mesmo (totalmente)”, garantem as duas.
“Para a gente também é importante sermos presentes em nossas famílias e amigos, prezamos muito pela nossa saúde emocional”.
“Saber que tem pessoas que amam ver nossa rotina e se conectar com essas pessoas, sentir todo esse amor que nos dão, é perfeito, por isso procuramos sempre passar energia positiva, felicidade, amor. Em resumo, equilibramos tudo através do amor, uma pela outra, amor pelo que fazemos, amor que recebemos e amor que transmitimos”, finalizam as influenciadoras.
Quem também comenta sobre esse assunto é o casal Dea Jório & Jal Reis.
Casados há 10 anos, Dea e Jal começaram seu namoro à distância.
Ela é fisioterapeuta pélvica e especialista em Saúde da Mulher, e ele, terapeuta e educador sexual.
Hoje, eles aliam suas bagagens profissionais ao dia a dia como marido e mulher para ajudar aqueles que buscam equilíbrio e saúde nos próprios relacionamentos.
Para Jal, “nosso conteúdo durante muito tempo foi pautado nas nossas experiências de vida. Mas o nosso melhor e nosso pior não estão nas redes sociais”.
O terapeuta explica que hoje foca em um conteúdo mais técnico sobre saúde sexual, disfunções tanto em homens quanto em mulheres, e a Dea, que hoje aparece mais como a sua esposa, tirou um tempo do conteúdo mais técnico sobre fisioterapia pélvica.
“Sobre a exposição, a gente entende as dores das pessoas, aprendemos a acolher e não julgar” complementa o educador sexual.
Já a especialista em Saúde da Mulher afirma que o conteúdo do casal começou sem pretensão de que se tornasse um trabalho.
As conversas eram parte natural da relação deles e às vezes essas conversas eram postadas nas mídias pessoais, para envolver amigos e familiares em assuntos que poucas vezes são falados.
“Quando se tornou um trabalho, não mudou muita coisa, já que o conteúdo sempre foi espontâneo. Na Internet ou fora dela, nossa relação é a mesma, não somos personagens. Se a gente não estivesse bem, não gravava. Se sentisse ciúme ao vivo, demonstrava, às vezes rolava uma timidez por uma gracinha ou intimidade maior que a gente contava, mas sempre foi muito saudável. A verdade é que o melhor e o pior da relação não podem ser passados através de uma publicação, mas sempre buscamos trazer os dois lados com sinceridade, para incentivar outras pessoas. Nunca me senti exposta ou sem privacidade, adoro o carinho de quem nos reconhece na rua e vem conversar, pedindo fotos ou abraço. Sempre conversamos para ajustar qualquer sensação que esteja incomodando a mim ou ao Ja, é assim que podemos evitar algumas situações desconfortáveis que possam surgir. Mas não dá para nos proteger 100% e sabemos disso”.
Desafios da era tecnológica
Embora a tecnologia tenha trazido inúmeras facilidades para os relacionamentos, ela também apresenta desafios únicos.
A privacidade e a segurança são questões cruciais, com o aumento de casos de “catfishing” (falsificação de identidade online) e a disseminação de informações pessoais.
Alexandre Wagner Cardoso Rodrigues, desenvolvedor Java da Gateware, uma empresa de tecnologia e inovação,afirma que os aplicativos de relacionamento são um ambiente fértil para golpes de engenharia social, em que um indivíduo ou mesmo grupos mal-intencionados se aproveitam de quem está à procura de um interesse romântico, tirando vantagem de sua sensibilidade e vulnerabilidade.
Ainda segundo Alexandre, são várias as formas da prática de golpes com esse método, em especial a criação de perfis falsos, com foto de pessoas atraentes que, na verdade, são retiradas da própria internet, e a já no primeiro contato os criminosos já estudam oportunidades de arrancar dinheiro e informações pessoais de suas vítimas.
Mas, quais medidas podemos tomar para nos proteger virtualmente destes tipos de golpes?
“As precauções mais básicas já são suficientes para se prevenir da maioria dos golpes, como, por exemplo, evitar compartilhar demais sobre você; nunca compartilhar dados como endereço, documentos pessoais, datas de nascimento e outras datas pessoais importantes, dados bancários e dados de familiares; não dar atenção para perfis suspeitos, caso suspeite que um perfil seja falso ou que a pessoa tenha más intenções, evite voltar a entrar em contato e, se necessário, o bloqueie; se a suspeita for forte ou tiver certeza de que o perfil seja usado para golpes, denuncie, não interaja; qualquer informação que você fornecer pode ser usada contra você; não abra links e arquivos, muitos vírus e outros tipos de malware podem ser instalados em seus dispositivos, mesmo que você não interaja com a página do link infectado ou abra o arquivo caso já tenha feito download. Na dúvida, não clique, eles podem dar acesso ao seu dispositivo para obtenção de seus dados, capturas de tela e acesso a aplicações como os aplicativos bancários sem que você saiba”, responde Alexandre.
O futuro do amor digital
O futuro dos relacionamentos amorosos na era digital parece promissor, com avanços contínuos em tecnologia e comunicação.
Inteligência artificial, realidade virtual e aumentada prometem novas formas de interação e conexão, permitindo experiências cada vez mais imersivas e personalizadas.
Para Ricardo Alonso Jorge, criador dos aplicativos Devotee e The Specials, voltado para pessoas com deficiência, a inteligência artificial (IA) pode ajudar nos relacionamentos futuros de várias maneiras, incluindo:
- Comunicação Aprimorada: Aplicativos de IA podem facilitar a comunicação entre parceiros, ajudando a resolver mal-entendidos e a melhorar a clareza. Ferramentas de tradução em tempo real e assistentes pessoais podem ajudar pessoas que falam idiomas diferentes a se comunicarem mais eficazmente.
- Conselhos e Terapia: Chatbots e assistentes virtuais podem fornecer conselhos de relacionamento e suporte emocional, ajudando os casais a resolver conflitos e melhorar a dinâmica do relacionamento. Alguns já oferecem terapias personalizadas e técnicas de mediação.
- Compatibilidade e Matchmaking: Algoritmos de IA podem analisar perfis e preferências para melhorar os sistemas de matchmaking em aplicativos de namoro, aumentando a probabilidade de encontrar parceiros compatíveis.
- Gestão de Tempo e Compromissos: Assistentes de IA podem ajudar casais a gerenciar suas agendas, lembrar compromissos importantes e planejar atividades juntos, facilitando a organização de tempo de qualidade.
- Educação e Desenvolvimento: Programas de IA podem oferecer recursos educativos sobre habilidades de relacionamento, como comunicação, empatia e resolução de conflitos, ajudando os indivíduos a desenvolverem relacionamentos mais saudáveis e sustentáveis.
- Detecção de Problemas: Sistemas de IA podem analisar padrões de comunicação e comportamento para identificar sinais de problemas no relacionamento, permitindo intervenções precoces antes que os problemas se agravem.
“Essas aplicações mostram como a IA pode desempenhar um papel significativo na melhoria e manutenção de relacionamentos saudáveis, proporcionando suporte contínuo e personalizado”, finaliza Ricardo.
Porém, como em qualquer aspecto da vida, o equilíbrio é fundamental.
Utilizar a tecnologia como uma ferramenta para melhorar, e não substituir, as interações humanas é essencial para manter a essência do amor genuíno e autêntico.
Neste Dia dos Namorados, celebre o amor em todas as suas formas, digitais ou tradicionais.
Afinal, independentemente do meio, o que realmente importa é a conexão sincera entre duas pessoas.
Matéria elaborada pela Smartcom e publicada no portal Jornal Folk.
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