Product Discovery é sobre entregar o que os usuários precisam
Conseguir um alinhamento correto entre o que uma empresa deseja construir e o que os usuários realmente querem ou necessitam é um dos maiores desafios enfrentados no mundo do desenvolvimento de softwares.
Uma das práticas capazes de oferecer uma solução para alcançar esse equilíbrio é a implementação de uma etapa conhecida como Product Discovery, que é um processo inicial que pode ser o fator determinante entre o sucesso e o fracasso de um projeto.
É através do Product Discovery que as equipes conseguem descobrir as verdadeiras dores dos usuários, validar hipóteses e evitar desperdiçar recursos em soluções que não geram valor.
Mas como isso funciona na prática? Continue a leitura deste conteúdo e entenda tudo o que precisa saber sobre Product Discovery.
O que é Product Discovery e sua Importância no Ágil
O Product Discovery é o processo de exploração e validação de problemas e soluções antes do início do desenvolvimento propriamente dito. Diferente da execução, que foca em “como” construir o produto, o discovery trata do “porquê” e “para quem”. Seu objetivo é fazer com que as equipes envolvidas tenham clareza sobre as necessidades e os desejos dos usuários antes de investir tempo e recursos na construção de uma solução.
Quando inserido em ambientes que utilizam Metodologias Ágeis, o discovery se torna ainda mais poderoso. No ágil, a entrega de valor é contínua, e o feedback do usuário é essencial para ajustes rápidos e incrementais. Esse cenário permite que o processo de Product Discovery não seja algo estático ou isolado, mas sim uma prática contínua ao longo do desenvolvimento, permitindo que o produto evolua com base em dados concretos e nesse feedback constante.
Por que isso é importante? Bom, muitas vezes, o que uma empresa acredita ser o problema do usuário não corresponde à realidade. O papel do discovery aqui é o de reduzir as incertezas e aumentar as chances de sucesso do produto, ajudando a evitar o desenvolvimento de funcionalidades desnecessárias ou que não resolvem os problemas certos.
Etapas do Product Discovery
O processo de Product Discovery pode ser dividido em quatro etapas principais, e cada uma delas contribui para uma compreensão mais profunda do problema e das soluções potenciais.
1. Pesquisa e compreensão do problema
Aqui, o objetivo é entender a fundo o problema que o produto está buscando resolver. Isso envolve entrevistas com usuários, análise de dados, observação de comportamento e benchmarking de concorrentes.
Para conhecer o contexto em que o usuário está inserido e suas dores específicas, esta etapa envolve uma série de atividades que buscam esclarecer o que os usuários realmente necessitam e qual o contexto em que o produto será inserido, como:
- Entrevistas com usuários: entrevistas qualitativas com potenciais usuários do produto são aplicadas para compreender profundamente suas dores, comportamentos e necessidades. A equipe deve buscar explorar as motivações por trás das ações dos usuários, e não apenas suas preferências explícitas. Perguntas como “Por que você faz isso dessa forma?” ou “Como você resolveria esse problema hoje?” podem revelar insights importantes.
- Análise de dados: além de ouvir diretamente os usuários, a equipe também precisa explorar os dados existentes. Se o produto é uma evolução de uma solução já utilizada, a análise de métricas de uso podem fornecer pistas valiosas sobre pontos de atrito ou lacunas nas funcionalidades. No caso de um produto novo, dados de mercado e de concorrentes ajudarão a orientar o entendimento.
- Mapeamento de concorrentes: estudar as soluções oferecidas por concorrentes diretos e indiretos contribuem na identificação das características dos produtos que já estão disponíveis no mercado, onde estão as oportunidades e como evitar repetir erros ou imitar soluções que não funcionam.
- Mapeamento de stakeholders: o Product Discovery não se limita a ouvir os usuários finais, também busca identificar e envolver outras partes interessadas, como equipes internas, investidores ou parceiros de negócios. Cada grupo pode oferecer uma perspectiva única sobre o problema e sobre como o produto deve se posicionar.
2. Ideação
Uma vez que o problema foi compreendido, as equipes começam a gerar ideias de soluções. Esse é o momento de explorar possibilidades, levando em consideração a viabilidade técnica e o valor para o negócio.
A etapa de ideação é onde a criatividade entra em cena. Nela, a equipe vai trabalhar com:
- Sessões de brainstorming: a ideação geralmente começa com sessões de brainstorming, onde os participantes (geralmente representantes de várias áreas como design, desenvolvimento, marketing e negócios) contribuem com suas ideias. O foco aqui é gerar o maior número possível de soluções, sem julgamentos iniciais. Técnicas como “brainwriting” (onde os participantes escrevem ideias silenciosamente antes de compartilhá-las) ou o “6-3-5” (6 pessoas, 3 ideias, 5 minutos) podem ser usadas para incentivar a diversidade de propostas.
- Priorização de ideias: após gerar uma grande quantidade de ideias, o próximo passo é classificá-las e priorizá-las. Ferramentas como a matriz de impacto e esforço (avaliando o valor potencial da ideia versus o custo de implementação) ajudam a focar nas soluções mais viáveis e de maior impacto.
- Propostas de valor: outro exercício útil nessa fase é definir as propostas de valor de cada solução. Ou seja, o que cada ideia oferece de único e valioso para os usuários? Como essa solução se destaca em relação ao que já existe no mercado?
- Alinhamento com objetivos de negócios: a solução ideal não deve apenas resolver o problema do usuário, mas também ser viável para o negócio e contribuir para seus objetivos estratégicos. Por isso, nesta etapa a equipe também deve se dedicar a garantir que as ideias geradas estejam alinhadas com os objetivos da empresa.
3. Prototipagem
Antes de investir em um desenvolvimento completo, as soluções mais promissoras são transformadas em protótipos. Esses protótipos podem variar desde esboços simples até simulações funcionais, mas o objetivo é sempre o mesmo: testar a ideia rapidamente e com baixo custo.
Alguns tipos de protótipos desenvolvidos são:
- Protótipos de baixa fidelidade: representações visuais simples que ajudam a visualizar a estrutura e o fluxo da solução, sem entrar em detalhes visuais ou técnicos.
- Protótipos interativos: conforme as ideias são refinadas, é possível avançar para protótipos de média ou alta fidelidade, que simulam o comportamento real do produto. Esses protótipos servem para demonstrar o funcionamento das principais funcionalidades, permitindo testes mais detalhados.
- Protótipos funcionais: em alguns casos, quando é necessário testar funcionalidades mais complexas, pode ser interessante construir um protótipo funcional, com uma versão muito simples do código real. Isso é comum quando é necessário validar a viabilidade técnica de uma ideia específica.
4. Validação
A etapa final do Product Discovery é a validação das ideias e protótipos junto aos usuários, onde, finalmente, os protótipos são validados com eles.
Aqui, o foco é testar as suposições feitas até esse ponto, coletar feedback real e ajustar a solução conforme os resultados ou até mesmo descartar ideias que não funcionam.
Nesta etapa, a equipe vai trabalhar com:
- Testes com usuários: esses testes podem ser moderados, em que alguém da equipe acompanha o usuário durante o uso, ou não moderados, onde o usuário interage com o protótipo por conta própria, em seu próprio tempo.
- Análise de feedback: nem todo feedback levará a mudanças significativas, mas é importante identificar padrões e pontos recorrentes que indicam melhorias necessárias ou ajustes finos.
- Revisão e interação: com o feedback em mãos, a equipe deve revisar o protótipo e fazer os ajustes necessários. O Product Discovery é um processo interativo, e pode ser necessário passar por mais de um ciclo de validação antes de chegar a uma solução robusta.
Técnicas de Product Discovery
Como você pôde perceber, existem diversas técnicas que podem ser aplicadas durante o processo de Product Discovery. Algumas das mais comuns incluem:
- Entrevistas com usuários: conversas estruturadas ou informais com os usuários finais, buscando entender suas necessidades, expectativas e frustrações.
- Jornadas do usuário: mapeamento do caminho que o usuário percorre ao interagir com o produto, identificando pontos de dor e oportunidades de melhoria.
- Design Thinking: um conjunto de abordagens que ajuda a gerar soluções centradas no ser humano, dividindo o processo em cinco fases: empatia, definição, ideação, prototipação e teste.
- Testes A/B: em ambientes de software já em funcionamento, os testes A/B permitem validar hipóteses específicas, comparando a eficácia de diferentes versões de uma funcionalidade.
- Story Mapping: técnica que ajuda a definir as funcionalidades de um produto com base nas histórias dos usuários, organizando-as para garantir entregas incrementais e de valor.
Como o Product Discovery gera valor para as empresas?
Investir em Product Discovery vai além de desenvolver um produto que atenda às necessidades dos usuários. Ele permite às empresas maximizar o retorno sobre o investimento (ROI), evitar retrabalho e entregar produtos que realmente fazem a diferença no mercado.
O Product Discovery gera valor para as empresas de diversas formas, como:
- Redução de custos: ao evitar o desenvolvimento de funcionalidades desnecessárias ou que não atendem aos requisitos dos usuários, o discovery ajuda a empresa a economizar tempo e recursos.
- Alinhamento entre equipes: o processo de discovery envolve colaboração intensa entre times de diferentes áreas, como desenvolvimento, design e negócios, promovendo uma visão compartilhada e evitando desalinhamentos que podem atrasar o projeto.
- Diferenciação no mercado: produtos que resolvem problemas reais têm mais chances de se destacar entre os concorrentes. O discovery ajuda a identificar oportunidades de inovação e diferenciação.
- Melhora da satisfação do cliente: quando o produto é construído com base em uma compreensão profunda das necessidades do usuário, a experiência final é muito mais satisfatória, aumentando a lealdade e retenção de clientes.
Conclusão
Qualquer empresa que deseja desenvolver produtos de software alinhados com as reais necessidades de seus usuários tem muito a ganhar com o Product Discovery.
Através dele, as empresas conseguem minimizar riscos, além de assegurar que cada funcionalidade entregue seja relevante e agregue valor.
Esse é um processo comum na nossa equipe que integra o GW Labs, nossa Fábrica de Software Multiplataforma, que trabalha com conceitos de Lean Inception, Design Thinking, Metodologias Ágeis e Híbridas para entregar os melhores resultados aos nossos clientes.
Confira, nesta entrevista concedida pelo nosso CEO, Francisco Ferreira, como o GW Labs pode solucionar diversos problemas encontrados pelas organizações que precisam desenvolver novos produtos.
Agora que você chegou até aqui, que tal conferir outros conteúdos que podem ser do seu interesse?
- 6 dicas para utilizar Metodologias Ágeis na melhoria de processos
- Metodologia Ágil: Como Escolher a Melhor Para o Seu Projeto?
- Lean Inception: a metodologia para um MVP de sucesso
- Design Sprint x Lean Inception: diferenças e aplicações
Se você quer entender mais sobre como as Metodologias Ágeis podem trazer diversos benefícios para os projetos da sua empresa, preencha o formulário abaixo e receba mais informações sobre o GW Labs.